Paisley

No final do século 18, um estilo de desenho aplicado à estamparia têxtil, chegou à Europa vindo da Índia. Naquela época, tecidos estampados eram restritos basicamente à nobreza, pois eram produtos importados principalmente da Índia, resultado de um processo totalmente artesanal.

Parte de um bloco de impressão manual de um módulo Paisley
Parte de um bloco de impressão manual de um módulo Paisley

 

Padronagem cashmere é outra denominação conhecida por nós, já que a região onde estes desenhos começaram a se desenvolver de forma comercial é a Caxemira, norte da Índia, de onde também vem as originais lãs, de mesma denominação. Toda essa cultura artesanal estava contida nos xales indianos importados. Eles tornaram-se sinônimo de status e suas estampas foram sendo cada vez mais admiradas. Os indianos costumavam estampar esses desenhos em um contexto de representação natural, dentro de uma tradição islâmica. No entanto, as peças que eram exportadas para outros países, possuiam características mais geométricas associadas, pois o islamismo não queria que as cenas da cultura local, estivessem descontextualizadas ao serem portadas pelas européias, deturpando essa tradição.

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Xale indiano do século 19, tecido, bordado e estampado com motivos Paisley

Em um determinado momento, percebeu-se a oportunidade comercial que surgia a partir desse sucesso que estava ainda restrito à nobreza. Além disso, a própria moda exigia que houvessem modificações no design das estampas, assim como no próprio tamanho e formato dos xales. Muitos centros produtores do ocidente passaram então a oferecer esses xales estampados. No entanto, nenhum produziu tanto quanto a cidade escocesa de Paisley. E foi assim que esta peça com a sua característica estampa tornou-se mais popular, passando também a ser denominada pelo mesmo nome desta cidade.

Os xales Paisley tornaram-se um item de luxo, mas indispensáveis no guarda-roupa de uma mulher ao longo de mais de 60 anos, mas os fabricantes estavam constantemente tentando pensar em maneiras de torná-los mais baratos e mais acessíveis a mais pessoas, a fim de maximizar seus próprios lucros. Por uma série de razões, os xales indianos permaneceram populares, apesar da disponibilidade e acessibilidade relativas na Europa. Um dos motivos foi a superioridade do cashmere para os de lã e seda, misturas disponíveis na Europa. Um outro motivo era a superioridade da tecnologia de tecelagem indiana e kashmiri.

Apesar da qualidade superior, com o tempo os xales vindos da Índia deixaram de serem os preferidos devido ao descompasso no estilo de seus motivos em relação à moda.

O design Paisley no entanto sobreviveu e passou a ser usado em diferentes contextos, afastando-se de suas origens, que eram em xales. Quando a moda não mais aceitou estes motivos, eles passaram a adornar estofados, papéis de parede, cortinas, sejam em estampas ou bordados.
O Paisley desapareceu da moda por mais 70 anos, até que ele foi apropriado como um símbolo de rebeldia e design étnico pela juventude radical da década de 1960 e assim retomou sua história dentro da moda.

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John Lennon e os outros Beatles foram influenciados pela cultura indiana

Em setembro de 2011, Jil Sanders mostrou a sua coleção primavera-2012 –ready-to-wear – a qual o paisley mais uma vez ressurgiu, em uma nova leitura, logicamente, mas mantendo a essência, a forma de gota tão característica.

Jil Sander - Primavera/Verão 2012 - Ready-to-wear
Jil Sander – Primavera/Verão 2012 – Ready-to-wear
O designer Serge Maury há anos é contratado da italiana Etro
O designer Serge Maury há anos é contratado da italiana Etro e desenvolve estampas com inspirações Paisley

Este é portanto um elemento do design que tornou-se atemporal, pois a imensa história contida desde suas remotas origens, torna esse desenho tão forte, capaz de resistir às mudanças de hábitos e costumes, adaptando-se naturalmente.